O paraíso do povo...



Os encantos da praia da Apúlia estão, na sua totalidade, por explicar. As suas águas, dizem os antigos, têm muito iodo e fazem bem à saúde. O peixe é fresco e chama a multidão logo nas primeiras horas do dia. A fila de trânsito chega a sair da freguesia e lugares para estacionar, em pleno mês de Agosto, valem ouro. Há diversões, esplanadas em fartura, e as geleiras fazem cada vez mais companhia aos veraneantes. As colónias de férias - Segurança Social e João Paulo II -, trazem muita alegria à praia. É carinhosamente tratada por Apulinésia, numa comparação às ilhas do Oceano Pacífico, que são cabeça-de-cartaz nos sonhos dos destinos turísticos...


Ver o barcos a chegar é uma alegria das primeiras horas da manhã. São 9.15 horas. O mestre Júlio Casais chega, na companhia de Fábio Cunha, e a multidão enclina-se para o barco. Polvos grandes e pequenos, algumas fanecas, são o espólio de mais uma ida ao mar que começou às 5 horas. “Correu mais ou menos”, diz o mestre do ‘Anjo da guarda nos guia’, acrescentando que este Agosto “até tem corrido bem”. O polvo vai de 5 a 8 euros, dependendo do tamanho. “É a preço de hipermercado” diz uma veraneante, “mas este foi pescado agora”, respondem-lhe da multidão. Júlio Casais refere que a pesca “vai dando para viver”, mas as contas “são feitas ao dia”. “Até porque, agora, praticamente todos os dias o preço do combustível sobe. Uma viagem de quatro horas, com a ajuda do GPS, custa cerca de 25 euros de combustível”, acrescenta.
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Ao lado está Maria Casais, irmã do mestre do ‘Anjo da guarda nos guia’. Trabalhou “em flores e em cafés”, mas ficou desempregada “há dois anos”. “O meu irmão deu-me a mão. Tive um casamento difícil e para pagar as contas e dois filhos a estudar tive que abraçar esta profissão”. “Não me importo, até por-que é honesta”, acrescenta ainda.


Agora chega o ‘Sra. dos Aflitos’ e o sarrão começa a chamar logo à atenção. Vermelho, ao lado das cavalas e das viúvas. O robalo da banca ao lado, esbelto e a 15 euros o quilo, passa para segundo plano. Maria, de 5 anos, fica encantada com dois “bichos”. “O que é, mãe? Um lavagante e uma navalheira”, responde. Os olhos da pequena Maria brilham perante 180 gramas de marisco... mas para quem esteve quatro horas no mar apenas os dois na rede significam tristeza. “Não tem saído marisco. Só há nos meses com a letra R”, refere Paula Pinheiro. “Não.  Nos meses com R é que ele é bom, mas há todos os meses se o mar der”, avisa a vendedora.


Deixa-se a pequena lota da Apúlia rumando à Praia da Colónia da Segurança Social. A música e as diversões anunciam desde logo a romaria. A praia está lotada, a maré está baixa e o banheiro Secundino não pára. Trabalha intensamente “quatro meses por ano a vender no bar da praia e a alugar as barracas. Quanto custam? “Sete euros por dia, 45 euros por quinze dias”. E as vendas? “Setenta por quinzena”. Filho do antigo banheiro do Castelo está no negócio “há quarenta anos”. “Tenho 53 e desde que me lembro só fiz isto e nesta maravilhosa Apúlia”.

26-08-2012 - Correio do Minho

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